Critíca de Cinema: Salt

Posted by Programa Enter

Por: Ronaldo D'Arcadia

Em meio a terroristas russos, muitas explosões, e uma história cheia de reviravoltas, “Salt” diverte, com Angelina Jolie mais fatal do que nunca.

Todos sabem que os russos não são mais os vilões do mundo. Os americanos já arranjaram seus novos bodes expiatórios lá para os lados do Oriente Médio. Mas em “Salt”, a guerra fria continua forte, ainda mais quando se trata de uma organização treinada a vida inteira para atacar os EUA. Não interessa se as duas nações não estão mais em guerra, estes soviéticos não deixarão suas vidas serem desperdiçadas.

Evelyn Salt (Angelina Jolie) trabalha na divisão 329 da CIA. De origem russa, ela nunca despertou nenhum tipo de suspeita mediante seus companheiros, pelo contrário, jurou lealdade ao país que lhe acolheu. Mas com o aparecimento do desertor russo Oleg Orlov, as coisas mudarão drasticamente de figura para a agente. Orlov, que tem possível envolvimento com a KGB soviética, afirma fazer parte do lendário grupo KA-12, que treina agentes secretos desde crianças, transformando-os em armas letais. Ele afirma ainda que o “Dia – X” está próximo, quando todos esses espiões adormecidos nos Estados Unidos se voltaram em um ataque maciço, e Evelyn Salt é um desses espiões.

Após a revelação, os agentes Ted Winter, do Serviço Secreto (Liev Schreiber) e PeaBody da Contra Inteligência (Chiwetel Ejiofor), iniciarão um caçada humana por Salt, que, após anos de treinamento e diversas habilidades especiais adquiridas, terá de se virar para sair do alcance dos dois. Afirmando ser inocente, a principal preocupação da agente é com seu marido Mike Krause (August Diehl), por isso ela terá de resolver as coisas do seu jeito, para assim tentar salvá-lo.

“Salt” é um filme de ação empolgante. Sem parar quase nenhum minuto, acompanhamos essa fuga frenética com os olhos grudados na tela. O impossível toma conta da película em muitas cenas, fatos que desafiam as leis da física explodem a todo o momento. Mas com a direção competente de Phillip Noyce - que possui experiência em trilhers investigativos, como “Perigo Real e Imediato” e “Jogos Patrióticos”, ambos do escritor Tom Clancy - estes exageros acabam sendo relevados, mediante a tamanha adrenalina que proporcionam.

O roteiro é de Kurt Wimmer, que tem em seu histórico o interessante “O Novato”, o elogiado “Equilibrium” (do qual também é diretor), e o ultra-bombástico “Ultravioleta” (também dirigido por ele, para sua própria vergonha). Em “Salt”, Wimmer resolveu complicar a vida de seu público. Exagerando nas pistas falsas, somos levados a crer que nada daquilo que estamos vendo condiz com os comportamentos ou pensamentos expostos pelos personagens. É com esse sentimento de contradição que somos levados ao desfecho final, onde ele surpreendentemente consegue amarrar tudo, e responder praticamente todas as perguntas que pareciam sem respostas. Mesmo com o clima de balela do inicio, onde o agente russo Orlov entrega todo passado da operação KA-12, todas as motivações dos personagens, principalmente de “Salt”, são bem convincentes no final. Apesar de ter uma empurrada com a barriga aqui e outra ali (principalmente nas cenas de ação), o roteiro acaba virando o jogo para quem assiste, e se torna fundamental para o filme funcionar satisfatoriamente.

Angelina Jolie está linda como sempre. Ela praticamente interpreta dois papéis. Primeiramente ela é esta agente que parece não saber o que está acontecendo. Frágil e principalmente humana, ela escapa das situações por instinto. Mas depois de tirar as lentas de contato escuras e pintar os cabelos loiros de preto, ela vira o demônio e sai distribuindo porrada para todo lado. Só que muito além desta interpretação física (um dos motivos que alavancou seu sucesso), Jolie já provou com diversos filmes ser uma excelente atriz dramática (Ex: “Garota, Interrompida”, “O Preço da Coragem”, “A Troca”) e no filme em questão ela emprega suas qualidades a favor da personagem, com seus belos e grandes olhos expressivos.

Fazendo o papel de mocinho/vilão está Liev Schreiber como o agente do Serviço Secreto Ted Winters. Sendo um grande amigo de Salt – os dois trabalhavam juntos antes de tudo acontecer– o personagem parece perdido com as reviravoltas da trama, e Schreiber consegue representar bem toda esta dúvida e incredulidade que paira no ar. Junto a ele está Chiwetel Ejiofor vivendo Peabody, da Contra Inteligência. Sendo fundamental para a trama, Ejiofor segura muita bem as pontas com este perspicaz agente que, no final, tem em suas mãos a decisão crucial da trama.

Lembrando muito os temas aclamados do já citado Tom Clancy, “Salt” é energia pura, e poderia facilmente virar o enredo de um game, onde Clancy está reinando no momento. Com uma história interessante, o filme possui muitos motivos que valem seu ingresso, sendo o principal deles a atriz Angelina Jolie, bela e mortal, batendo em meio mundo e realizando fugas espetaculares. Só por isso já vale a pena.


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