Crítica de Cinema: Batalha por T.E.R.A
Posted by Programa Enter
Por: Ronaldo D'Arcadia
Depois de três anos de sua estréia, “Batalha por T.E.R.A” chega ao Brasil em 3D.
Toda animação precisa ter bem definido seu público alvo, para assim não correr os riscos de um empreendimento sem identidade certa. Esta falta de direcionamento é um dos problemas da animação “Batalha por T.E.R.A”, do diretor canadense Aristomenis Tsirbas. Mas apesar dos evidentes erros, o filme acaba chamado a atenção.
Em meio a uma batalha inicial, o soldado Jim Stanton acaba sofrendo um acidente com sua nave de ataque e é socorrido pela bondosa (e cheia de personalidade) Mala, habitante daquele planeta. O pai de Mala foi capturado pelos humanos e sua esperança é que Jim ajude a encontrá-lo. Percebendo a índole pacífica de sua salvadora, e consequentemente de seu povo, o soldado começa a enxergar que a dominação por meio da força imposta pelos humanos está errada, e isso muda tudo para ele.
Com uma proposta aparentemente focada nos mais jovens, o filme pode não agradar tanto, devido ao conteúdo dramático, assim como pode espantar alguns adultos que buscam animações com mais requinte visual. E o requinte visual realmente deixa a desejar. O planeta T.E.R.A é terrivelmente desprovido de beleza, sendo basicamente uma nuvem espessa de onde saem grandes espécies de troncos, que servem de casa para os habitantes. Sem cor e sem graça, o local não cativa, em nenhum momento, uma espécie de apego. Os habitantes do planeta seguem a mesma linha, parecendo bonecos de massa mal acabados. Já os humanos são um pouco mais trabalhados, mas o aspecto plástico e a falta de detalhes são evidentes. A qualidade técnica não é necessariamente fator crucial para um filme ser bom, mas se tratando de uma animação, e comparando o que vem sendo feito por outros estúdios na área, realmente ficam claras as limitações. Temos algumas boas sequências, como a nave de Jim disparando seus foguetes em slow com uma bonita luz por trás, mas no geral, o aspecto visual não é o maior atrativo. Nem mesmo o 3D salva, sendo explorado de forma irrisória.
A dublagem nacional é decente e consegue captar bem o sentimento de seus personagens. No time dos dubladores originais temos nomes famosos como Brian Cox dando vida ao vilão implacável do longa, o General Hemmer, Evan Rachel Wood como a já citada heroína de ocasião Mala, Luke Wilson como o corajoso Jim Stanton. Temos ainda nomes como Ron Perlman, Dennis Quaid, Danny Trejo, Justin Long, Amanda Peet, Chris Evans e Danny Glover.
Possuindo uma espécie de charme “Star Trek”, abordando os costumes e características de novas raças, e apresentando detalhes inovadores – que não vem ao caso citar – da aniquilação da Terra, o filme possui seu carisma, só que ao mesmo tempo esbarra nos problemas técnicos e de criação já citados. Apesar da trama comum, o texto acaba trabalhando bem a relação dos personagens principais, explorando de forma humilde e positiva uma mensagem de tolerância. Começando de forma arrastada, engrenando no segundo ato e finalizando de maneira muito interessante, “Batalha por T.E.R.A” poderia ser melhor estruturado, mas passa sua mensagem.