Por Ronaldo D'arcadia

A história da boa música se confunde com a história de Johnny Cash. Nascido na terra do country Nashville, mas precisamente em Kingsland, o cantor americano é ícone do rock/country.Por mais de cinco décadas, Cash usou de sua voz grave para eternizar composições únicas, e assim, influenciar o mundo da música de forma única.

Sua juventude foi sofrida. Muito cedo perdeu seu amigo e irmão Jack de forma brutal em uma serra de madeira. Seu pai era alcoólatra e a única coisa que lhe trazia felicidade era cantar hinos de igreja com sua mãe nas lavouras de algodão.

Johnny começou a tocar violão, e ainda muito jovem, enquanto servia a Força Área Americana, compôs um de seus maiores clássicos: “Folson Prison Blues”.

Em 1954 se casou pela primeira vez com Vivian Liberto, com quem teve quatro filhas. Foi neste período que ele descobriu o famoso estúdio Sun Records, e lá gravou seu primeiro disco, com seus companheiros de banda: o guitarrista Luther Perkins e o baixista Marshall Grant.

Mas não foi o gospel de Cash que trouxe a atenção do lendário produtor Sam Phillips, e sim suas músicas carregadas de sentimentos, como “Cry Cry Cry” e “Hey Poter”.

Com “Folson Prison Blues” alcançou o Top 5 country, seguido de um primeiro lugar com “I Walk the Line”.

Johnny Cash, juntamente com seus parceiros de turnê, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Roy Orbinson, praticamente inventaram o estilo RockStar de ser. Antes deles, não havia nada parecido. De cidade em cidade eles disseminaram o som que mudaria a forma do mundo pensar e consumir música. Com o sucesso, vieram os problemas. Nos anos 60, Cash se viciou em anfetaminas. Foi quando se tornou um estranho, sempre nervoso e ignorando os problemas óbvios do vicio. Mesmo assim compôs músicas marcantes como “Ring of Fire”, uma alusão clara a dor que sentia naqueles dias.

Cash era famoso por cantar com a voz de um preso. Ele parecia entender perfeitamente a agonia daqueles que perdiam sua sanidade dentro de uma cela. Muitas de suas músicas abordavam o tema, e por isso começou a ser respeitado e idolatrado pela comunidade carcerária dos EUA. Mesmo assim o cantor nunca havia sido preso, o que surpreendia muita gente. Mas em 65, veio sua primeira condenação. A polícia de El Paso, Texas pensava que Johnny trazia heroína escondida em seu violão, mas eram apenas anfetaminas. Durante este período sem rumo, Cash arranjava tempo para cantar em prisões, e assim dividir sua compaixão pelos amigos presos.

Mas foi o trágico incidente ocorrido com seu amigo Roy Orbison que fez Cash despertar e se livrar das drogas. A casa de Orbinson, seu vizinho na época, desabou, matando dois de seus três filhos. O fato afetou profundamente Cash, que ali decidiu se desintoxicar.

Mas a peça fundamental para a virada do cantor foi sua nova companheira June Carter. Ele se casou novamente e com ela se converteu fortemente ao cristianismo, crença que lhe acompanharia até o dia de sua morte. Johnny e June tiveram apenas um filho, John Carter Cash.

June Carter morreu no dia 15 de maio de 2003, Johnny a seguiu quatro meses depois, morrendo no dia 12 de setembro de 2003.

No ano de 2005 foi produzido o longa metragem baseado na vida do cantor que contou com a atuação de Joaquin Phoenix que cantou todas as musicas em cena e foi indicado ao Oscar de melhor ator e Reese Whiterspoon que interpretou June Cash e ganhou o Oscar de melhor atriz pelo filme.

Para muitos, Johnny Cash sempre será o eterno “Homem de Preto”, um ídolo a ser seguido e respeitado. Mesmo em seus momentos finais o cantor continuava trabalhando, gravando diversas canções compostas por músicos de renome, todas sob medida para ele.

Recentemente foi lançado o disco póstumo “American VI: Ain’t No Grave”, que apresenta diversas canções envolvendo sua própria morte. Um ato final digno e de muita coragem

Não se fazem ídolos como antigamente, mas isso não é mesmo necessário, porque verdadeiros ídolos são eternos e únicos. Vida longa a Johnny Cash!